quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Escrever puro e simples

“Outra coisa que não parece ser entendida pelos outros é quando me chamam de intelectual e eu digo que não sou. De novo, não se trata de modéstia e sim de uma realidade que nem de longe me fere. Ser intelectual é usar sobretudo a inteligência, o que eu não faço: uso é a intuição, o instinto. Ser intelectual é também ter cultura, e eu sou tão má leitora que agora já sem pudor, digo que não tenho mesmo cultura. Nem sequer li as obras importantes da humanidade.
[...] Literata também não sou porque não tornei o fato de escrever livros ‘uma profissão’, nem uma ‘carreira’. Escrevi-os só quando espontaneamente me vieram, e só quando eu realmente quis. Sou uma amadora? O que sou então? Sou uma pessoa que tem um coração que por vezes percebe, sou uma pessoa que pretendeu pôr em palavras um mundo ininteligível e um mundo impalpável. Sobretudo uma pessoa cujo coração bate de alegria levíssima quando consegue em uma frase dizer alguma coisa sobre a vida humana ou animal.”

(Clarice Lispector)


- Nem sempre é necessário saber todas as palavras rebruscamente corretas, dizendo-as em textos em que a língua portuguesa gramaticalmente é seguida por meio de todas as suas regras. Contudo, tendo a simples inteligência de perceber as coisas simples que o cotidiano pode nos fazer imaginar, refletir, é grandioso para se transformar em um maravilhoso texto.
O importante não é saber tudo, não é saber escrever a norma culta. Entretanto, é usar das palavras um alicerce para o indivíduo a fora.

* Clarice Lispector é um grande exemplo de escritora que não envolvia intelectualidade em seus textos, mas a simplicidade de enxergarmos o além de muitas situações cotidianas.

Abraços, Thaís.

3 comentários:

  1. Também sou seguidor das ideias de Clarice e que você com certeza é. A simplicidade é o que emociona, choca, causa risos e contradições. Intelectuais temos ao montes na vida comum e na blogosfera, mas a maioria de seus são frios e incapazes de nos causar algo.
    Parabéns pelo blog e um abraço.

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  2. Clarice era simplesmente demais. Eu li alguns livros dela, como "A hora da estrela" e "Laços de Familia". Os livros são simples de entender, sem complicações e rodeios. É bom saber que você também gosta dela. Um grande abraço e parabéns pelo texto!! vou vir aqui com mais frequência, pois tenho ficado em falta!!!

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  3. adorei seu blog
    siga o meu:
    http://abocadedeus2010.blogspot.com/

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